tag:blogger.com,1999:blog-6983744362411568362024-02-08T11:05:38.989-03:00Uma linha por diapara que o hábito trabalhe o pensamento.paulahttp://www.blogger.com/profile/07716003062440864538noreply@blogger.comBlogger51125tag:blogger.com,1999:blog-698374436241156836.post-4658212257827324212018-08-01T21:41:00.002-03:002018-08-01T21:41:42.533-03:00Origens<div style="text-align: justify;">
Há uma criança chorando no mundo. Nesse exato momento, há também uma mulher sendo abusada, assassinada, violada. Existe ainda alguém que está morrendo de fome, agora mesmo pode ser o ultimo minuto de sua vida... Algum bicho está sofrendo com o plástico em suas entranhas, o mesmo plástico que eu usei e joguei enquanto vivia. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E a minha vida segue. Fragmentada, uma interdição no tempo ou um paralelo, ou uma alucinação. Não sei e não se sabe. O que quero dizer entretanto, é que uso as 24 horas que tenho para respirar sem consciência, para olhar adiante sem brilho, para não entender o que o meu vizinho diz sem pudor do outro lado dessa parede fina. Tenho usado as horas de todos os meus dias pedindo, mendigando um gesto milagroso - um milagre a ser presenciado - uma palavra de Deus, um movimentos dos Deuses, uma fala do além de mim. Eu tenho pedido, estendido as mãos, gritado em desespero pela prova cabal de que não estou aqui em vão. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma certeza velada, quase que um altar construido por mim a mim mesma, a verdade encravada de que há algo ou alguém que realizará o extraordinário. Eu me imagino um super personagem agonizando nas mãos de um mau escritor, esquecida no canto da mente de outra. Eu imagino e sigo suplicando.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Egoísta, como dos animais que sofreram, desfruto das árvores que foram cortadas, do ar poluído, das águas que outros tantos não têm, visto o trabalho inumamo, uso da escravidão alheia e conitnuo matando os bichos com a necessidade plástica e com as mãos estendidas, com a respiração pesada e a súplica dependurada no canto dos olhos; esperando.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu sou a destruição.</div>
paulahttp://www.blogger.com/profile/07716003062440864538noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-698374436241156836.post-10549891274092427852018-07-31T20:04:00.000-03:002018-07-31T20:04:47.224-03:00Há 10 anos eu começava a imaginar que se escrevesse o que pensava eu encontraria pessoas semelhantes ao meu pensamento ou pleo menos que se identificassem o escrito. Isso não aconteceu, ou pelo menos não continuou acontecendo já que venho nessas péginas com tão pouca frequencia que eu mesma esqueço que elas existem.<br />
<br />
Eu sempre pensei que o anonimato fosse a melhor maneira de expressar verdades, simplesmente porque essas verdades seriam selecionadas não pelo interlocutor, mas pelo seu autor. também não funciona assim.<br />
<br />
Eu sempre tentei escrever, ou descrever, a maneira como vejo as coisas e as coisas são como sonhos. Eu vivo em sonhos, com olhos abertos ou quando tento dormir e quando durmo e não lembro do que sonhei, e sempre foi assim que eu quis colocar o meu pensamento, como ele é. Mas eu ando por caminhos distintos o tempo todo, e minha mente não foca numa imagem só, e por isso eu ando tão pouco por aqui.<br />
<br />
Todo esse nonsense distribuido é só uma tentativa de chegar até a pessoa que se perdeu por dentro. Eu vou buscar esse ser perdido, linha por linha, dia após dia aqui mesmo por esses caminhos. Não é grande promessa, tampouco um compromisso difícil. Mas é pra mim uma pedreira enorme. Não tenho idéia de quais são os castelos que eu pretendo construir, mas sei que há muita coisa em meu caminho e que preciso tirá-los daí.<br />
<br />
Então, uma linha - pelo menos - por dia, uma palavra comigo mesma. Se vou conseguir, ou não, importa menos que as linhas de hoje. Hoje é só o reocnhecimento da necessidade, da ausencia e da saudade. eu fui e esqueci de levar pedaços de mim e não estou inteira agora, ando caindo por vazio. Que corpo sou eu?paulahttp://www.blogger.com/profile/07716003062440864538noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-698374436241156836.post-2703216699275036972017-08-29T19:26:00.001-03:002017-08-29T19:26:17.002-03:00Sem título<div style="text-align: justify;">
Ha muito tempo naoescrevo aqui. Na verdade, ha muito tempo nao escrevo em lugar nenhum. Eu sinto que sou assim de desaparecer; mesmo de mim mesma, eu sumo. Nao falo, não durmo, respiro lento ou acelerado de mais - depende da mentira que tenho que encenar. Outro dia, no banho, a espuma formou uma semi-concha ao redor do ralo; à medida que a água passava por ela, a espuma levantava um pouquinho ao centro e descia naquele movimento que a água faz de correnteza. Parecia uma boca engolindo a água e eu pensei: essa boca tá engolindo a mim! Essa água é como se fosse eu que se vai aos poucos por esse caminho inevitável, pois há a outra água que vem, talvezz suja, às vezes limpa,mas que vai pelo mesmo caminho; o abismo do ralo. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É bastante cansativo viver o que eu vivo. A miha vida não é ruim. Há gente de mais sem casa, comida, sem banho, com a cara suja e pedindo um pouco de comida, um pouco do dinheiro - dinheiro dispensável à maioria, dinheiro de consumo desnecessário, prazeres exarcebados, mas um dinheiro que não é dividido com o mendigo, a mendiga, o homem velho, o homem sujo, a mulher que canta. o mesmo dinheiro que vai pra o tocador de violão celo, violino, viola, bem vestido, bem vestida ou pelo menos limpa, de cabelo limpo, de mãos limpas, pois eles não precisam desse dinheiro. Não no sentido cruel da palavra precisar. Pois, por isso: porque há vidas ruins, a minha vida não é ruim. </div>
<div style="text-align: justify;">
Mas a pessoa cansa. Eu nunca tive um proposito real. Eu tenho sequer a glória de convencer-vos que essa vida sem sentido foi guiada até aqui pelo instinto da sobrevivencia. Sobreviver sempre foi muito fácil. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E é que eu não tenho do que reclamar de verdade tenho uma crianca ao redor de mim, um pedaço de mim que é bonito, que é cheio de virtudes, tenho um companheiro ao meu lado que é compreenção, que é carinho e apoio. Mas, e eu? Eu pergunto quese que num desespero pra mim mesma. </div>
<div style="text-align: justify;">
Eu tenho sempre me polido, encolhido, eu respondo a todas as minhas falas, eu descordo de grande parte de minhas ideias, eu ponho todos os impecilhos na maioria dos meus sonhos, planos, listas. Eu sento meu corpo em frente a um aparelho e fico ali por horas deixando as imagens tomarem conta do lobo frontal até que minha cabeça doa, até que meus olhos esbugalhem vermelhos e secos, até que eu precise correr ao banheiro, já que o corpo já naõ pode mais segurar a urgência de ir. onde é que está eu? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu sei que soo patetica cheia de perguntas ridiculas. Cheias de respostas. Mas e eu? Eu fico aqui numa ponte de mim, esperando o momento em que posso respirar um pouco e voltar ao dormitório escuro e vazio de mim. Há muito tempo não escrevo e quando o faço, imagino uma platéia silenciosa e aflita por recompensa por estarem ali. Eu tento, nesse cenaário honírico, agradar a todos. Invento personagens que só meu espelho conhece. Também só o espelho sabe quais partes da história de minha vida eu mudaria, e só o espelho sabe a quem eu reservo os meu rancores. Mas o espelho em minha casa é mudo. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu canso. Canso de escrever com medo. De andar com medo. De viver escondida de mim. Eu só não sei bem quem é essa pessoa, eu não a conheço. </div>
paulahttp://www.blogger.com/profile/07716003062440864538noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-698374436241156836.post-79494399744285323172015-12-21T18:54:00.001-03:002015-12-21T18:55:48.891-03:00The fortune wheel<p dir="ltr">'don't touch my hair' eu ouvi. Vi tambem aquele movimento distanciando-se de mim. Eu vi tanta coisa num breve instante.<br>
Mais tarde, eu permiti o pouco tempo de um choro miúdo, sem ruido.<br>
No dia seguinte, todas as coisas serão exatamente as mesmas como se nada tivesse existido.<br>
Porque nunca existiu.<br>
Oh roda gigante, roda sem fim, sem rumo.</p>
paulahttp://www.blogger.com/profile/07716003062440864538noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-698374436241156836.post-39251837902360006212015-12-18T15:52:00.003-03:002015-12-18T15:59:05.384-03:00Soneto de Fidelidade Vinicius de Moraes<div align="center" style="background-color: white;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<blockquote style="background-color: white;">
<blockquote>
<span style="font-family: "verdana"; font-size: small;"><br />De tudo ao meu amor serei atento<br />Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto<br />Que mesmo em face do maior encanto<br />Dele se encante mais meu pensamento.<br /><br />Quero vivê-lo em cada vão momento<br />E em seu louvor hei de espalhar meu canto<br />E rir meu riso e derramar meu pranto<br />Ao seu pesar ou seu contentamento<br /><br />E assim, quando mais tarde me procure<br />Quem sabe a morte, angústia de quem vive<br />Quem sabe a solidão, fim de quem ama<br /><br />Eu possa me dizer do amor (que tive):<br />Que não seja imortal, posto que é chama<br />Mas que seja infinito enquanto dure.</span></blockquote>
</blockquote>
paulahttp://www.blogger.com/profile/07716003062440864538noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-698374436241156836.post-73996459096644961472015-12-07T18:40:00.001-03:002015-12-09T18:24:19.129-03:00The loss<p dir="ltr">I'm lost<br>
Tão perdida em mim mesmo que já não sei as horas de dormir ou acordar.<br>
Enfio meu pensamento em um tempo perdido e, assim, horas a fio, esqueço quem sou e uso aquele tempo vendido para nao ser.<br>
Meu filho é tão lindo e é parte de mim, e ele cresce sem mim, e ele dorme, eu o vejo, conheço o seu cheiro...será que meu filho sabe quem sou?<br>
Será que um dia saberá?<br>
Há tanta gente que não tem a riqueza de os ter e há a gente que não tem a nobreza de apreciar.<br>
Eu não sei onde estou nesta encruzilhada: se o tenho e ele é; ser é não pertencer...<br>
Se eu não aprecio, é exatamente quando o perco<br>
E quando foi que me perdi?<br>
When did this loss overcome inside?</p>
paulahttp://www.blogger.com/profile/07716003062440864538noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-698374436241156836.post-32999423373374129142015-11-30T19:12:00.000-03:002017-08-29T19:27:33.820-03:00daydreaming<div style="text-align: justify;">
I shouldn't being writing anything about you now.</div>
<div style="text-align: justify;">
But I thought, it would be such a pity if you don't know of this miserable addition to the abyss.</div>
<div style="text-align: justify;">
Indeed it is pity!</div>
<div style="text-align: justify;">
you will never notice I've been tiding myself more and more to the certainty of it.</div>
<div style="text-align: justify;">
Not because of me, I'm not afraid of myself;</div>
<div style="text-align: justify;">
but you: I'm terrified of you, terrified of you never know.</div>
<div style="text-align: justify;">
I will never know either.</div>
paulahttp://www.blogger.com/profile/07716003062440864538noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-698374436241156836.post-10427272679592662622015-11-08T21:01:00.001-03:002015-11-24T15:09:46.807-03:00Querido Diário<div style="text-align: justify;">
Hoje eu gostaria de que ontem tivesse se repetido. A sensação de falta do dia de hoje é totalmente desnecessária. Ontem eu estava sonhando e tu estavas ali comigo e o sonho era real. </div>
<div style="text-align: justify;">
O meu toque tão real em gestos e puramente em gestos. Eu não sei se o sentimento, a sensação, se o ecstase correndo em minha pele tambem corria em ti. </div>
<div style="text-align: justify;">
Será possível uma corrente elétrica de tudo o que somos deixar tu saberes que em mim, bem dentro de mim, no fundo de tudo o que não pode, de tudo o que não sei, há um perfeito balanço de medo, de agonia, de felicidade com o teu olhar ou com a tua loucura? O mesmo balanço que tem um ciúme estranho, um medo repetido.</div>
<div style="text-align: justify;">
Quando penso isso tudo, sinto a juventude escorrendo de mim. Não que eu me sinta velha, mas que há tanta coisa agora. A vida é tão mais pesada, amar não é simples.</div>
<div style="text-align: justify;">
É preciso pensar: é isso amor? Como se fosse necessário pensar o amor! Como se o amor não fosse a vida, a necessidade humana. Como se a palavra "humana" já tivesse perdido o sentido. As pessoas já não pensam ou escrevem ou falam. As pesoas se comportam como deveriam se comportar. É como a palavra "escrever" - escrever é programar! A gente já não é mais a gente, nós somos o que uma sociedade inteira quer que a gente seja!</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas a sociedade não come na mesma mesa que eu. </div>
<div style="text-align: justify;">
Não escuta a música que escuto. </div>
<div style="text-align: justify;">
Nunca saberá o gosto que sinto ao comer a fruta que não é fruta.</div>
<div style="text-align: justify;">
Que não mata minha fome.</div>
<div style="text-align: justify;">
Que não sacia minha sede.</div>
<div style="text-align: justify;">
A fruta não tem a cor original, nem gosto original e nunca teria gosto original nenhum, pois é uma fruta planejada, um ciclo violado, um ciclo estagnado no tempo. A fruta que deixou de o ser. Suculenta, açucarada, colorida: eu tenho a fruta enlatada na própria fruta. </div>
<div style="text-align: justify;">
Eu a como pela esperança. Eu a como pela vontade - não da fruta, mas da sua representatividade. Não tenho representatividade, lembrança; não tenho nada. Só frustação.</div>
<div style="text-align: justify;">
Será que sabes que o amor pode ter virado uma frustacao? O que é o amor que sinto agora? É real?</div>
<div style="text-align: justify;">
Não é necessário questionar a realidade do amor, impessoalidades de nós mesmos! </div>
<div style="text-align: justify;">
Agora eu sou a fruta. Não sou eu, mas parte de um todo, uma massa horrosa. </div>
<div style="text-align: justify;">
Eu fico imaginando, se antes de dormir, pensas naquele dia de ontem. </div>
<div style="text-align: justify;">
Eu gostaria de saber se pensas que estavamos tão perto que o cheiro de teu cabelo é um marco que em minha memoria traz o suspiro. É um átomo. É uma existência incontestável de ti.</div>
<div style="text-align: justify;">
E não por isso. É porque há tantos amores e há a transformação de tantos amores.</div>
<div style="text-align: justify;">
A verdade é que naquele trem, naquela noite em que teus olhos de fogo estavam tao pertos dos meus, de água, eu nao me importei com nenhuma de todas as outras pessoas que eram a multidão ao nosso redor. </div>
<div style="text-align: justify;">
Eu reparei, é certo, na moça à nossa frente que olhava eternamente o chão e que tinha uma flor pendurada em seu colo. </div>
<div style="text-align: justify;">
Eu reparei, é claro, naqueles três garotos à nossa frente que se riam, mas eu nao sei porque se riam. E eu não sei de mais ninguém. Eu não lembro de mais ninguém. Eu não me importo que qualquer um deles tenha visto que ali, eu te amava. Te desejava mais que tudo. Eu sei que todos viam que eu estava feliz. É possivel que naquele momento, no bendito trem e em todos os outros momentos, eu brilhasse, que uma luz estranha emanasse de mim, ou que todas as luzes refletissem em mim. Eu não me importo. </div>
<div style="text-align: justify;">
O que sei é que enquanto esperava o onibus de volta, eu estava dançando num ritmo só meu, sob uma música só minha e que eu pensava em Nietzsche sem nunca tê-lo lido de verdade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br></div>
paulahttp://www.blogger.com/profile/07716003062440864538noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-698374436241156836.post-20525193497203669892015-09-19T09:31:00.001-03:002015-09-19T09:31:45.553-03:00Sonhando<p dir="ltr">Agora mesmo, aqui nesse mesmo lugar no tempo em que estou, eu gostaria de estar dormindo. <br>
Mas dormindo no sentido da dormencia das coisas que se passam ao redor de mim e que pouco a pouco vao moldando a minha vontade, alma, corpo, percepcao.<br>
Nao deve ser pecado a preguica de ser.<br>
Ha muitas outras nao vontades e ha a vontade de que nao haja nada.<br>
Sei ainda que os impuros que nao reconhecem suas dadivas serao condenados.<br>
Mas eu estou aqui e ainda temo a punicao, mas queria nao estar.<br>
Sao tantas as coisas que me amolecem por dentro:ha a mulher que quero e que me amedronta, ha a familia que tenho e que me consome, has os desejos que nao se costroem e que vao deixando as nao-marcas em mim.<br>
Ha tanta coisa que endurecem por dentro; sao todas as mesmas de sempre, mas agindo em seu sentido reverso: a mulher que deveria me amar, a familia a qual deveria me conter e os desejos que deveriam ser a representacao de mim mesma.<br>
Mas neste momento que passou, este momento de agora, queria estar dormindo e esquecida, esquecendo.<br>
Tambem tenho muita vergonha do que nao fui. Da promessa nunca cumprida. Dos sonhos que vao ficando cada vez menores - agora tenho sonho de 10minutos:plenos 10min que sejam de uma vida inteira que quero ter.<br>
A eternidade contida neste pouco tempo; plena.<br>
A verdade e que por mau habito, ja nao sei o que quero . Fui, ao longo do tempo, apequinando o que queria e deuxando pra depois o que queria que ja nao sei mais desejar.<br>
A verdade e que o mau habito ja nao sei ha quanto tempo existe.<br>
Mas agora, neste momento, eu queria nao sentir nada, deveria estar dormindo.<br>
</p>
paulahttp://www.blogger.com/profile/07716003062440864538noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-698374436241156836.post-60762644009134194842015-09-16T18:59:00.001-03:002015-09-16T19:02:26.861-03:00September 17th<p dir="ltr">May the first contacts and enthusiasms be merely platonic;<br>
May we just kiss and hug shyly ;<br>
May we let it flows from one eye to the other and maybe we have every bit of it.<br></p>
paulahttp://www.blogger.com/profile/07716003062440864538noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-698374436241156836.post-45586935852530868332014-11-30T21:59:00.001-03:002014-11-30T21:59:14.111-03:00Young one<br />
<a name='more'></a><div style="text-align: justify;">
O mundo, meu bem, não está na frente de seus olhos.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
A beleza de tudo fica escondida em cada encontro das nossas almas. E não me leve a mal, não entenda o que digo da maneira mais franca e estúpida.</div>
<div style="text-align: justify;">
Toda a humanidade é um arranjo para controlar o humano mais humano. Não sou eu e não es tu.</div>
<div style="text-align: justify;">
O senhor deveria ler um pouco mais, jovem! </div>
<div style="text-align: justify;">
Os livros estão cheios de universos outros, onde o controle externo é vão. O controle do resto dos outros, num movimento continuo e inconsequente, num movimento perplexo e contínuo, nos mutila uns aos outros; as nossas caras estão nas ruas cheias de dor. Nós já nos acostumamos com a dor.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ela já é uma dorzinha. um homenzinho. uma mulherzinha.</div>
<div style="text-align: justify;">
Nos livros, meu bem, o ato é incondicional. E por mais que isso pareça contraditório, é nos livros que a dor é incontrolável - eu o imagino, o autor, e sua mão trêmula, sua cara dura e palavras saindo de si em debandada...</div>
<div style="text-align: justify;">
Você deveria ler um pouco mais, jovem homem, para entender que este mundo cercado de todas as suas mãos não existe.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu fecho os olhos e vôo em minha liberdade; abro-os e há você com esse olhar duro, esse sorriso pela metade!</div>
<div style="text-align: justify;">
Que loucura!</div>
<div style="text-align: justify;">
Então, moço, sai de perto de mim. Fecha também os olhos, porque eu vou passar por toda essa frieza e não há palavras suas que me arrastem para este mundo limitado, fedido e descrete.</div>
<div style="text-align: justify;">
- Have a good night.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
paulahttp://www.blogger.com/profile/07716003062440864538noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-698374436241156836.post-6092541146375640242014-11-13T21:49:00.002-03:002014-11-13T21:51:56.971-03:00Relativismo<div style="text-align: justify;">
Hoje eu vi uma senhora. Há muito tempo eu já não via ninguém.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ela que quando a encontrei era uma menina. Ela deve ter passado por muitos dias como o de hoje; dias de morte, dias em que morremos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Toda a gente vai morrendo e envelhecendo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Existe aquela gente que quanto mais vive, mais rejuvenece. E rejuvenece com o rosto cheio de marcas. Os dias passam e essa gente ansia por mais e mais.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas há também a gente que morre um pouco e, mesmo sem veios, a cara não tem o vigor de antes e o sorriso perde os dentes e o cabelo é preso, parado, não se move.</div>
<div style="text-align: justify;">
Há essa gente que é estátua.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu vejo pessoas todos os dias. No elevador, na lanchonete, no curto espaco de tempo entre o agora que é meu e o agora que foi vendido, o meu tempo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Falo pouco com elas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Tem a moça que trabalha ao meu lado e que evito falar, olhar, sentir seu cheiro, ver seu cabelo ou seus modos. Eu corrigo sua fala silenciosamente - algumas vezes, sem modo algum, corrijo mesmo - eu a acho feia, acho que não sabe andar, que tem medo de tudo. Acho que é um bichinho acanhado...</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu não gosto de gente assim: que se esconde, que range os dentes em segredo, que se afoga com o próprio ar. Já não respiro e não gosto.</div>
<div style="text-align: justify;">
A beleza é outra, eu vejo a beleza porque ela está em mim. Se eu perdi a capacidade de enxergar é porque deixei-me cegar.</div>
<div style="text-align: justify;">
Eu vejo gente, todos os dias, ouvindo música, ouvindo nada.</div>
<div style="text-align: justify;">
Talvez aquela senhora não tenha envelhecido ela, mas eu.</div>
<div style="text-align: justify;">
Se eu envelheci sem perceber os outros ao meu redor, como se estivesse presa num espaço relativo, provavelmente, quem morreu fui eu.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<br />paulahttp://www.blogger.com/profile/07716003062440864538noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-698374436241156836.post-30356071481956298302013-03-16T19:48:00.004-03:002013-03-16T19:49:53.089-03:00Amanhecimento<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mesmo agora me veio essa lembrança de teu desejo a lamber meu ego. Desejo esse já morto ou, em vias de fato, desejado. Meu corpo também carrega outros egos, e outros são os corpos dançando em mim. 'E assim que me lembro esses dias. Lembro as lambidas dos olhares alongados. Lembro-me do pedido, discreto e silencioso, ao vento (ou aos deuses que o guardam) para balançar um pouco mais o vestido ousado. </div>
<div style="text-align: justify;">
Assim me lembrava de você. Eu lembrava a sensação de você. </div>
<div style="text-align: justify;">
E muito bem assim que todos nos lembramos uns dos outros. </div>
<div style="text-align: justify;">
Lembramos das sensações que nos causam uma saudade estranha. Estranha porque não 'e saudade exatamente do que aconteceu, pois não aconteceu nada. Também não 'e saudade do que fui, pois já não tenho saudade de algo que não sou. Mas 'e o desejo. 'E o desejo que sussurra maliciosamente essa vontade - coisas diferentes uma da outra. </div>
<div style="text-align: justify;">
A vontade de te encontrar uma outra vez única para aliviar o ego medroso de que você não demore mais os olhos no trabalho criado por ele. Sim, porque nos somos uma criacao delicada do proprio ego. O ego. Ele nos inventa por fora e por dentro. E 'e perigoso, 'e birrento, mal criado, tem manias...'e um artista. O artista do homem-criatura. O ego 'e como um deus. N'os somos seus escravos e somos quietos, e sofremos e gostamos.</div>
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'E assim que sua lembrança age em mim. Me fazendo esperar que ainda se lembre de ter um dia desejado a moca que passa e que nunca teve. 'E um ato silencioso de amor não encarnado - amor, não cupido, mas fedido a amor-ato de verdade -. E sei que assim vivem os homens.</div>
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Os homens e mulheres vivem esperando reconhecer no outro o desejo que sentem por si mesmos.</div>
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Quero arrastar todos os olhares e infestar todos os pensamentos por que 'e um alimento, uma necessidade. Preciso de todos. Por isso me visto e me exponho e me pinto. Preciso desejar a mim, acordar o próprio ego que me constrói e deliciar-me com a tentativa de adivinhar o que aquele olhar vizinho disse.</div>
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Esse 'e o ritual de amanhecimento. Vaidoso, convoca o ser criado no pensamento alheio para deslumbra-se com ele, sendo ele si próprio.</div>
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Toco a mim mesma com todas as mãos que estão l'a fora. Sinto a minha pele com o mesmo fulgor que os olhos outros tocaram e saio de casa sempre embriagada pelo cheiro que fica nos lugares. 'E o ritual.</div>
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E se um dia, como os dias que passaram, eu não encontrar esses que ai estão a desejar-me, não vivo. Não vivo, pois não há aquilo que não e sentido. Isso que não apavora ou deslumbra, não haja!</div>
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Agradeço a perfeição da natureza física de nos permitir lembrar. Essa inexistência de algo que vive ainda que em uma célula, em um ponto elétrico, em um átomo, em qualquer coisa que seja essa coisa.</div>
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Ah saudade, és os elixir da vida!</div>
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paulahttp://www.blogger.com/profile/07716003062440864538noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-698374436241156836.post-24334796920368767752012-07-05T06:49:00.002-03:002012-07-05T06:51:15.101-03:00VelhiceOlhando bem, bem de perto, a verdade e que estou envelhecendo. O curioso e que nao sinto a velhice abracando meu corpo a noite, tampouco em outra hora qualquer do dia. Mas a vejo em tudo o que olho. <br />
Talvez nao seja meu corpo a ficar velho e velho todo dia, mas eu que insisto em querer ser velha mais e mais rapido.<br />
E se penso nesse misterio de crescer, vejo que o tempo nao tem muito que ver com isso e que sao os que estao de fora, portanto, que me dizem tal velhice. Meu corpo e fora e parte de mim.<br />
Assim como sinto e vejo o latejar de meu peito na sombra de meu corpo, vejo voce se aproximando de leve e silenciosamente, <br />
morte contida de ser o que se e de novo e desde a vez primeira, <br />
acumulando tudo o que pode, num capitalismo desenfreado de si mesmo.paulahttp://www.blogger.com/profile/07716003062440864538noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-698374436241156836.post-14472916097087097302012-07-05T04:16:00.003-03:002012-07-05T06:16:26.918-03:00Feliz de mais<div style="text-align: justify;">
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Eu sempre gostei de cantar a roda viva. Me encantei por suas formas e diversas historias, as rosas, as rocas, as mulheres sagradas ciganas que manipulam esses fios. Sempre tive tambem a certeza da sua existencia como um cronometro ou marcador bem junto ao nosso nome em algum lugar onde somos observados, mesmo que essa 'observacao' tenha tantos outros significados - deuses, memoria, construcao, arquivamento de nos mesmos... O que sei e que a roda viva e o elemento de mim e para mim; e aquilo que me traz a confianca de nunca estar tranquilo de mais, de esperar a queda ou o salto subito de nos acordar. A tranquilidade de saber-se intranquilo todo o tempo...</div>
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Entender as coisas desse modo e como estar numa coxia, esperando sempre a hora da entrada, sem saber ao certo qual fantasia vestir ate que, no ultimo minuto, alguem grita com urgencia o caracter a ser encarnado. E no palco, o improviso e seu melhor espetaculo.</div>
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Eu estou aqui agora como todos que estao na terra: no alto, no auge, por cima e ao mesmo tempo contando com a gravidade pra nao cair. Contando com a incoerencia de estar sempre caido para nao cair duma vez ou lentamente, afinal, no salto, quando estamos caindo, estamos na verdade, voltando ao ponto seguro que nos prende a terra, a queda feliz...</div>
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E aterrorizador este estado de vigillia. Alias, o que amedronta mesmo e o publico esperando voce e seu personagem para contar, ao final, quanto de aplauso ou vaias vai lhe oferecer. Assustador e descobrir que a plateia inteira e um so; e voce. Os sabios ja nos disseram, nos e que nao entendemos muito bem...</div>
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Eu sigo cochilando um pouco embalada pela minha roda que e rapida ou lenta de mais, como queira, meu sono. <br />
Agora Miguel nasceu e e tudo um milhao de coisas. Os meus sonhos sao reais de mais, minhas lagrimas mais frageis que nunca, meus medos carregam foices de fio bem fino e meus ouvidos sao sensiveis a tudo para que eu possa escolher o melhor ruido. </div>
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- Certo dia acordei acalentando meu pequeno que, ainda em meus bracos, dormia quieto em seu berco. Num outro momento, nao quis sair do lugar, imobilizada pelas lagrimas da perdicao, cortada e esperando o choro que me trouxesse para a necessidade de viver outra vez...E tudo muito complicado de explicar e se fazer entender porque nao e facil dizer, contar, falar sobre o que nao tem nome, cara e os outros so escutam o que tem rima facil de mais.</div>
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E tudo um milhao de coisas e eu. Eu dancando um pouco, esperando a queda, acalentando a mim mesma em sonhos e atenta a todos os ruidos.</div>
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Hoje acordei com meus gatos brincando em minha cama. Eles sao de todas as cores: sao brancos de olhos curiosos, pretos bem pretos e manchados de amarelo vivo. Meus gatos sempre pulam em mim e mesmo quando nao os tenho os vejo e sinto o ronronar da memoria de todos os gatos que ja viveram comigo. Eles me despertam nao nas manhas mais dificeis, mas nas que se seguem me lembrando sempre como sao bonitas as cores da manha em seus pelos macios. Como sao bonitas as cores do acordar depois de um tempo sombrio.</div>
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Certa vez, um amigo pediu que eu escrevesse contando como estava a minha vida agora depois de tanta mudanca. Nao o fiz. Nao havia possibilidade alguma de por em pontos todo esse balanco. Talvez estivesse feliz de mais com os olhos embacados por essa ilusao. </div>
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Ainda estou feliz, mas tambem choro. Assim, vejo melhor as coisas que me cercam. Ou simplesmente, as quis enxergar e contar somente agora.</div>paulahttp://www.blogger.com/profile/07716003062440864538noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-698374436241156836.post-52192344873105581012011-09-20T15:51:00.001-03:002011-09-20T15:51:36.980-03:00Tempo de chuvaHavia um tempo em que brincar de boneca era tao comum quando correr na calcada com os irmaos.<br />
Nesse tempo, quando se podia fazer de tudo, poema era pra poucos, mas a beleza flutuava e quando a chuva caia, a beleza dancava com a gente. A gente so nao percebia.paulahttp://www.blogger.com/profile/07716003062440864538noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-698374436241156836.post-63732710439889830452011-09-20T15:22:00.001-03:002011-09-20T15:22:48.369-03:00texto sem revisao<div style="text-align: justify;">
Nunca foi de muito efeito pra mim, supirar profundamente para esquecer alguma coisa que me fizesse mal naquele momento. Mesmo quando respirar e mais dificil, quando o ar e rarefeito, quando tem alguem fumando por perto, quando ta muito quente ou apertado. Nunca me foi util mesmo quando o que mais preciso e uma novidade, mas novidade mesmo, que se preze, que mude tudo o que ta ruim la fora, que faca cair uma chuva, ou que apague o cigarro ao lado, ou, pelo menos, mude um passado indesejado.</div>
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Mas acontece que o passado, este maldito clamado, nao sai de voce assim tao facilmente, tambem nao sai se for dificil a palavra que se queira colocar - e uma mancha assim indesejada e doida, uma marca cravejada em voce...</div>
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- entende o que falo, pequena? Entende o que quero dizer? Entende que nao adianta se esconder. Tambem desejar nao e possivel. Eu e voce somos os mesmos aqui vestidos nessas roupas tao desalinhadas, amassadas, nada mais apropriadas pra o tal momento...</div>
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- olhando aqui de mim pra mim, em frente e desconcetadamente em frete uma da outra, nao ha o que recusar. Entao, devo eu, fingir que nao sei como manipular essas coisas? Entao devo eu, dizer que esqueci isso que so de mim pra mim fere? Se nao fere a mais ninguem? Se e em mim que amargura o arrependimento?</div>
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- E por que se arrepende? Se a beleza da cicatriz e a historia que se conta? E a historia que se imagina? Escreve-la tantas e tantas vezes a cada cara nova! Cicratiza-te e lembra que assim vive e assim aprende! Se nao ha outra vida, onde mais teria que cometer todos os erros aos quais ta marcada? Nunca foi feio sofrer...Por que haveria de o ser agora, porque e contigo?!E tao branca a louca que encerra teu peito de modo que nao podes pincelar o vermelho do teu proprio sangue? E a que serve tao branca louca, se tudo o que tem que fazer e deixa-la sempre branca?</div>
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-Caminha, entao, como eu caminhei por esses vales, mostra tuas cicratizes como dizes a mim e me conta o que e que mudaria em tua caminhada... Quantos animais foi preciso cacar? Qual o medo que te lava? Nao me diga que nada, porque nao e possivel que tenha tanto a dizer a mim, sem que tenha sentido, ao menos, um pouco do que sinto.</div>
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-Por acaso confia assim que tua dor e maior? Concordo que o espinho doi no dedo e nao na flor, concordo que o amanhecer pode machucar a noite e concordo com o que disse, mas nao imagine, minha pequena, que a dor de viver e sempre maior que a outra... ela nao e...</div>
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<br /></div>
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...</div>
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Todos se levantaram e no mesmo momento em que as ultimas palavras foram postas, a reuinao se desfez, os irmaos foram embora. Havia um homem na escada, no fianl da escada, eperando. Ela passou apressada e ele, imovel, avisou que ja era hora. Havia medo na resposta e, mais uma vez, o homem informou de que nao havia mais tempo. Com os bracos erguidos, como o vento, comecou a tomar o corpo que lhe pertencia, dancou com ele como se ja nao houvesse alma, abracou o ar e era fumaca e tinha um cheiro horrivel de pena, culpa, medo e todas as porcarias que apodrecem. Abriu a boca e por ela saiu o vento, fechou os olhos achando que fosse possivel se esconder e quando acordou, tudo era tao igual que um assombro tomou conta da moca, arrepiando os pelos do corpo com despudor.</div>
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<br /></div>
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Voltou ao que sempre se voltava, trabalhou no que sempre trabalhava e caminhou pelos mesmos lugares. A vida e sempre a mesma, e o caminho e tal bonito quanto deve ser, e tristeza na medida qeu tem que ter. </div>
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<br /></div>
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O passado era amassado embaixo da cama. O dia, como todos os outros, era tao presente e tao continuo. Todos os sonos estavam comprometidos pelas audicoes necessarias. Nao ha o que lamentar por ti, tampouco por mim, a vida sempre continua. Esquecer nao e possivel, pelo menos ate quando a noite se chega e cumpre os rituais todos para a minha passagem. Mas nao passa.</div>
<br />paulahttp://www.blogger.com/profile/07716003062440864538noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-698374436241156836.post-42622349353686750002011-08-06T17:32:00.000-03:002011-08-06T17:32:23.894-03:00Pequena<div style="text-align: justify;">Ah, que se eu soubesse desenhar, haveria uma flor bem pequena estampada no ar de um caminho longo e estreito. Seu eu soubesse desenhar, essa flor teria a textura de minha voz cantando todos os pecados que conheci para a minha felicidade. E se soubesse desenhar, nao seria necessario escrever nada desse desenho porque voces entenderiam minha alma assim, num instante. Os caminhos sao sempre desenhos da saudade, da vontade, do qualquer que seja que nos faz seguir o obscuro. Eu adoraria saber desenhar; se o soubesse, meu caminho poderia ser mais bonito, mas, pensando bem, tudo o que acho mais bonito e assim meio torto, meio borrado. As minhas coisas estao ainda espalhadas, mas eu vou vivendo porque o ar e leve e veloz e eu sou do mundo. Ou quero ser.</div>paulahttp://www.blogger.com/profile/07716003062440864538noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-698374436241156836.post-18919131136762887152011-04-17T00:07:00.000-03:002011-04-17T00:07:12.079-03:00Pergunte ao tédioO tédio é quem sabe. Ele sabe de tudo . Ele sabe tédio.paulahttp://www.blogger.com/profile/07716003062440864538noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-698374436241156836.post-85353648718610188342011-02-22T01:07:00.000-03:002011-02-22T01:07:40.667-03:00Menina de vestido azul com copo de cerveja e baton avermelhado, sapato laranja e olho virado.Beijou, insolente, a tal discussão. Saiu à francesa, enquanto, na sala, pessoas perguntavam sobre o que se tratava tanta gritaria.paulahttp://www.blogger.com/profile/07716003062440864538noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-698374436241156836.post-61249240689474535572011-02-16T03:19:00.000-03:002011-02-16T03:19:24.645-03:00Obrigação<div style="text-align: justify;">Um gato dormindo ao lado é muito mais que um gato. Nós somos muito mais que nós mesmos por conta disso. Está tudo tão interligado que não é possível separar as histórias. Todas são um mesmo pensamento seguindo as mesmas linhas vincadas pra ele. Não é possível recusar de nós aquilo tudo que passou pelos olhos ou que morreu nostalgico na imaginação. Não há um silêncio maior que esse que nos atordoa, tampouco há maior barulho que esse que nos chama.</div><div style="text-align: justify;">Abandonar assim, diante de tanta exigência, aquilo que nos torna vivos, não é morrer de fato, mas é deixar de lidar com o que há de mágico e belo perdido em todos os gatos dormindo ao lado. Nem há necessidade alguma pra isso. </div><div style="text-align: justify;">Há, certamente, mágicos alados espreitando a esperança de nos por em prova em nossos próprios presentes - e são esses os desejos mais estreitos de nós mesmos. Não os anjos, não os desejos, mas o enxergar esses desejos e conversar com esses anjos. E se todo o silêncio que nos prende é aquele que nos comove, por que não abrir espaço para isso que aflinge de tal forma aterradora? Afinal, respondam-me, todos, a que viemos nesse vasto questionar-se?</div><div style="text-align: justify;">A que viemos todos?</div>paulahttp://www.blogger.com/profile/07716003062440864538noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-698374436241156836.post-63920647627873247322011-01-11T00:35:00.002-03:002011-01-11T03:28:25.036-03:00linha 12 (ou filosofia de bar 1)<div style="text-align: justify;">Viver é um pesar árduo e gratuito. Hás as coisa que fazemos e isso é pra compensar a coisa chata que é viver. E se tudo o que fazemos é em prol disso, o que há de volta que nos alimenta tanto? Tudo aquilo que nós mesmos criamos pra isso; pra alimentar o caminho sem volta de viver.</div><div style="text-align: justify;">Digo que o viver é gratuito e não me julguem mal por isso, nem pensem qualquer coisa. Apenas digam o que de fato os faz vivos. E eu lhes direi sem qualquer cerimônia: isso é uma necessidade criada por você e por todos que o cercam.</div>paulahttp://www.blogger.com/profile/07716003062440864538noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-698374436241156836.post-38148121787793717272010-12-29T03:14:00.002-03:002010-12-29T10:13:24.388-03:00Saudável Saudade<div style="text-align: justify;">Sabe? Sanidade é algo que procuramos o tempo todo. Ser normal é ser são, lógico e certeiro em tudo. É na sanidade que se realiza a maior das aberrações contra nós mesmos. É lá, justamente nesse lugar deserto e estranho onde nos negligenciamos todos os dias, podamos não a copa mas a raízes. Parece estranho querer estar são. </div><div style="text-align: justify;">Agora mesmo, o meu pensamento se vai sem linhas num céu azul e sem nuvens, como num sonho, como o é. O que pesco neste momento mais leve é que a sanidade é como um freio. Não um freio de mão alucinante a sabe-se lá quantos quilômetros por hora sem aviso prévio. Mas um freio mastigante, intermitente e eterno.</div><div style="text-align: justify;">Foi encucado em nós, não apenas no pensar sobre nós, que é bonito ser são.</div><div style="text-align: justify;">De fato, o que penso é que adjetivaram o que há muito urge por ser verbo. Somos. Os sãos de alma, são, na verdade, doentes na cara e as ações limpas sem cheiro e harmoniosas nas extremidades não são mais que a chatice de viver assim como quem quer tudo, mas não ao mesmo tempo.</div><div style="text-align: justify;">Todos os dias em que entrar no banheiro de agora em diante, e em todos os espaços, darei o direito a mim mesmo de liberdade incondicional. Minto. Liberdade condicionada ao que, em mim, constrói o que há de mim de mais estranho. E não só eu.</div><div style="text-align: justify;">Que esse seja o desejo mais puro de ano novo que se possa ter. </div><div style="text-align: justify;">Que tenha a liberdade de nunca ser realizado, como todos os outros desejos sãos.</div>paulahttp://www.blogger.com/profile/07716003062440864538noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-698374436241156836.post-81246050415628519832010-12-20T00:12:00.003-03:002010-12-20T02:45:33.105-03:00Darlene<div style="text-align: justify;">Desceu a rua balançando o corpo como de costume.</div><div style="text-align: justify;">Os rostos acompanhavam seu movimento, mas não era isso que prendia sua atenção aquela tarde. Nunca soube ao certo o que fazia de si tão estranha àquela gente que insistia em estranhar. Era sua rotina, porém.</div><div style="text-align: justify;">Hoje, a mente trabalhava em expediente diferente. Havia um cheiro e estava embriagada.</div><div style="text-align: justify;">Subiu as escadas e nem se deu conta da gata que espera a passagem para brincar com seus tornozelos. Quando chegou, tudo estava tão normal, tão igual, que percebeu desconcertada a presença do tempo estante e pastoso.</div><div style="text-align: justify;">Cumprimentou a mãe na cozinha que, mesmo sem lhe voltar o rosto, dizia que estava bem e que a amava. Isso porque é inerente às mães amar quem quer que seja filho seu, de ventre ou não. Às mães não há espaço para escolha de nome e nota de amor. O resto da família também estava lá e seu quarto no mesmo lugar.</div><div style="text-align: justify;">Acontece que à tarde, antes de seguir o caminho, beijar as mãos e respirar o tempo pesado, houve água. E posso mesmo dizer que não era água ao certo, mas que tinha o cheiro e o toque da água chuva cachoeira que se derrama feito qualquer coisa, que não sabe das convenções de pessoas que espreitam passadas sem barulho ladeira abaixo. Acontece que o tempo é tão fluido quanto água. Tempo é água de lavagem.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">(Suspira.)</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nada arde como o lábio quando o controle não toca a sombra que afaga. Nada alcança o lábio inerte. Acelera, acelera, respira e corre e sofre e deseja.</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Então, as tardes são curtas o suficiente para voltarem sempre e sempre. E enquanto o tempo se cristaliza na sala, enquanto as mães amam sem porquê e os pais dormem no sofá, a menina anda todos os dias pelo relógiodo desejo porque é tempo de poder.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Esquecendo-se disso, convém, porém, observar, que os adolescentes morrem aos pés da caixa sem ao menos cojitar sua abertura. Quando acordarem, o espaço entre o agora e depois terá deixado poeira em seus ombros e não deixará, além disso, vontade.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Ah que o tempo nos causa enjôo às vezes!</div>paulahttp://www.blogger.com/profile/07716003062440864538noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-698374436241156836.post-71585515686118291962010-11-28T20:18:00.004-03:002010-11-29T11:24:10.439-03:00Mariza<div style="text-align: justify;">-Mas quem disse que quero ouvir qualquer coisa que tem a dizer?</div><div style="text-align: justify;">Foi o que todos puderam ouvir de Mariza da sala que distava alguns metros até onde todos se encontravam. Preocupação maior e primeira é que Mariza não gritava. Segundo, que não era de seu feitio discordar da ordem imposta pelas circunstâncias humanas de ouvir. Terceiro, Mariza era sempre interessada em tudo, por que não queria ouvir?</div><div style="text-align: justify;">O mais impressionante na tarde em que as paredes já estavam quentes o suficiente e a cor laranja se prolongava até o cômodo de onde se podia ouvir Mariza, era que o eco de sua frase a deixava ainda mais só que o imaginado. </div><div style="text-align: justify;">O outro a quem se referia sequer interferiu no movimento do vento que traz e propaga os sons de indignação ou o fungo de fermentação qualquer que se dá dentro de nós e de nossas vontades quando ares como esses trazem negações tão grosseiras.</div><div style="text-align: justify;">Sueli, a filha cheia de ímpeto de iniciar e de conter as necessidades do ímpeto, de brincar e maquiar verdade com mais verdade ainda, essa menina doce e estranha ao mesmo tempo, que tinha manchinhas pelo corpo, sabia o que fazer, já que seu tempo permitia qualquer coisa. Entrou.</div><div style="text-align: justify;">Não havia, de fato, ninguém ali.</div><div style="text-align: justify;">Fechando a sala solenemente, a pequena vira-se para o público que espera suas conclusões e diz:</div><div style="text-align: justify;">-Silêncio! Que a mamãe não se perca também...</div><div style="text-align: justify;">E com um sorriso desses que prevêem o que já se viu como algo que ainda chega de surpresa, saiu do recinto, partiu para o seu balanço de costume e passou a tarde toda remoendo.</div><div style="text-align: justify;">O irmão, então, pensou sobre a menina e achou que também pudesse entrar. Abriu a porta como se tivesse o direito de saber sobre o que tanto gritava sua irmã. Dando os olhos com os dela, remexendo assim como se não soubesse nada, teve o momento em que estava igualmente perdido no caminho de tudo o que ela disse outras vezes, e como se reconhecesse uma previsão antiga, voltou ao centro dos que os esperavam. Não disse qualquer palavra. </div><div style="text-align: justify;">Sentou-se no seu lugar predileto de fumar, montou seu cigarro e fumou profundamente.<br />
</div><div style="text-align: justify;">Os outros homens ficaram com medo. As outras mulheres também. As outras mulheres tinham uma curiosidade velada. Os outros homens também.<br />
</div><div style="text-align: justify;">Ivete, a mais velha começou a se perguntar se ninguém ali tinha se envergonhado de continuar esperando pela resposta tão silenciosamente e com tanta calma. Marcelo, um quase desconhecido, que caminhava pelo lado da casa vez em quando, perguntou se essa não deveria ser a forma correta. Se a resposta esperada não era um grito qualquer. Jaime, não se pronunciou, mas olhou todos um a um , algo que nem todos perceberam. Aline, riu-se um pouco e com medo do que pudessem pensar, tratou de encontrar um pretexto comum para a risada comum. Não disse nada e, providencialmente, retirou do bolso uma borboleta, ela dançou um pouco pelo vazio dos silêncios daquele lugar e todos entenderam seu motivo, mas nenhum outro membro riu com ela.<br />
</div><div style="text-align: justify;">Mariza estava cansada, todos sabiam, daquele lugar. E o escritório já não era bom para ficar perdido. Mas Mariza estava.<br />
</div><div style="text-align: justify;">Sueli, a primeira menina, já havia parado o balanço. O irmão também havia voltado ao meio dos outros todos que não arredaram o pé de canto algum até o final da tarde em que o sol já morto deixa um espaço fosco para a chegada das estrelas. Estavam ali em todos os mesmos lugares de senpre. Manoel em seu sofá, Antônio sob uma luminária alta que havia no canto. Julia continuava esperando que alguém pedisse, com a sutileza dessa ordem, água ou café ou suco do que pudesse ser feito. Todos queriam sair e encontrar a razão do grito de Mariza.<br />
<br />
É preciso mais que vontade de sair de qualquer lugar.<br />
</div><div style="text-align: justify;">Os três primeiros ainda riam, calavam ou balançavam algum brinquedo qualquer de corda e árvore e sombra. Ela ainda estava presa no escritório onde o som de seu grito ecoava insistente, agora, transformado em silêncio. E quando o dia chegou, quiseram voltar todos aos seus afazeres. Voltaram.</div><div style="text-align: justify;">Foi aí que Mariza repetiu para o homem de azul que visitava sua casa naquele dia: </div><div style="text-align: justify;">- Não quero ouvir nada mais. Quero inclusive que leve o tapete, os livros e tudo que traz toda essa poeira. Martin acreditou que fosse loucura ser expulso assim de tanto tempo em que poderiam construir para espantar a todos.</div><div style="text-align: justify;">Mariza achou que seria imprudência permanecer assim em tanto tempo em que se espanta todo mundo.</div><div style="text-align: justify;">Julia achou que seria loucura continuar tanto tempo só. Mas ninguém pôde perguntar nada a Julia, ela não diria, também não seria ouvida.<br />
</div><div style="text-align: justify;">Os dias nasceram a seguir. </div><div style="text-align: justify;">Tudo era calado outra vez e nada mais espantava. Mariza continuava só quando todos achavam que assim estava. Quando falava, era possível entender seu interlocutor, vê-lo, às vezes, e estar seguros de que a loucura não é ali assim tão palpável como naquela noite.</div>Mariza não viveu feliz. Ninguém viveu feliz, talvez, mas todos continuaram livres.paulahttp://www.blogger.com/profile/07716003062440864538noreply@blogger.com0