Te espero solenemente, como todas as noites. Para que me olhes, para falares comigo, me desejares como imagino e ires embora, também, solenemente.
E durmo com a memória de teu corpo e não sei como dormes sem o meu que, em frio, queima pela espera de que deites aqui. Doce!
E adormeço sempre agarrada a algo que sequer tem cheiro, o teu que tá tão entranhado neste quarto, não faz distinção daquele que é meu e, por isso, não há pedaço de ti em mim que traz saudade. Não há saudade.
E se te ouço, sei que desejarei e tu, então, sentirás qualquer coisa que controlas, igualmente.
Deixarás - todas as noites - teu corpo para mim e dormiremos abraçados ao pouco que sabemos um do outro. Com frio e queimando. Somos o que há de moderno, atual. Somos o que não se une, o que é independente, o que me constrói e que construímos. Oh, sociedade contemporânea, como podes esvaziar minha cama, assim, tão insolentemente?
Oh, sociedade moderna, odeio tua individualidade!
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