01 agosto, 2018

Origens

Há uma criança chorando no mundo. Nesse exato momento, há também uma mulher sendo abusada, assassinada, violada. Existe ainda alguém que está morrendo de fome, agora mesmo pode ser  o ultimo minuto de sua vida... Algum bicho está sofrendo com o plástico em suas entranhas, o mesmo plástico que eu usei e joguei enquanto vivia. 

 E a minha vida segue. Fragmentada, uma interdição no tempo ou um paralelo, ou uma alucinação. Não sei e não se sabe. O que quero dizer entretanto, é que uso as 24 horas que tenho para respirar sem consciência, para olhar adiante sem brilho, para não entender o que o meu vizinho diz sem pudor do outro lado dessa parede fina. Tenho usado as horas de todos os meus dias pedindo, mendigando um gesto milagroso - um milagre a ser presenciado - uma palavra de Deus, um movimentos dos Deuses, uma fala do além de mim. Eu tenho pedido, estendido as mãos, gritado em desespero pela prova cabal de que não estou aqui em vão. 

Uma certeza velada, quase que um altar construido por mim a mim mesma, a verdade encravada de que há algo ou alguém que realizará o extraordinário. Eu me  imagino um super personagem agonizando nas mãos de um mau escritor, esquecida no canto da mente de outra. Eu imagino e sigo suplicando.

Egoísta, como dos animais que sofreram, desfruto das árvores que foram cortadas, do ar poluído, das águas que outros tantos não têm, visto o trabalho inumamo, uso da escravidão alheia e conitnuo matando os bichos com a necessidade plástica e com as mãos estendidas, com a respiração pesada e a súplica dependurada no canto dos olhos; esperando.

Eu sou a destruição.

31 julho, 2018

Há 10 anos eu começava a imaginar que se escrevesse o que pensava eu encontraria pessoas semelhantes ao meu pensamento ou pleo menos que se identificassem o  escrito. Isso não aconteceu, ou pelo menos não continuou acontecendo já que venho nessas péginas com tão pouca frequencia que eu mesma esqueço que elas existem.

Eu sempre pensei que o anonimato fosse a melhor maneira de expressar verdades, simplesmente porque essas verdades seriam selecionadas não pelo interlocutor, mas pelo seu autor. também não funciona assim.

Eu sempre tentei escrever, ou descrever, a maneira como vejo as coisas e as coisas são como sonhos. Eu vivo em sonhos, com olhos abertos ou quando tento dormir e quando durmo e não lembro do que sonhei, e sempre foi assim que eu quis colocar o meu pensamento, como ele é. Mas eu ando por caminhos distintos o tempo todo, e minha mente não foca numa imagem só, e por isso eu ando tão pouco por aqui.

Todo esse nonsense distribuido é só uma tentativa de chegar até a pessoa que se perdeu por dentro. Eu vou buscar esse ser perdido, linha por linha, dia após dia aqui mesmo por esses caminhos. Não é grande promessa, tampouco um compromisso difícil. Mas é pra mim uma pedreira enorme. Não tenho idéia de quais são os castelos que eu pretendo construir, mas sei que há muita coisa em meu caminho e que preciso tirá-los daí.

Então, uma linha - pelo menos - por dia, uma palavra comigo mesma. Se vou conseguir, ou não, importa menos que as linhas de hoje. Hoje é só o reocnhecimento da necessidade, da ausencia e da saudade. eu fui e esqueci de levar pedaços de mim e não estou inteira agora, ando caindo por vazio. Que corpo sou eu?