22 fevereiro, 2011

16 fevereiro, 2011

Obrigação

Um gato dormindo ao lado é muito mais que um gato. Nós somos muito mais que nós mesmos por conta disso. Está tudo tão interligado que não é possível separar as histórias. Todas são um mesmo pensamento seguindo as mesmas linhas vincadas pra ele. Não é possível recusar de nós aquilo tudo que passou pelos olhos ou que morreu nostalgico na imaginação. Não há um silêncio maior que esse que nos atordoa, tampouco há maior barulho que esse que nos chama.
Abandonar assim, diante de tanta exigência, aquilo que nos torna vivos, não é morrer de fato, mas é deixar de lidar com o que há de mágico e belo perdido em todos os gatos dormindo ao lado. Nem há necessidade alguma pra isso. 
Há, certamente, mágicos alados espreitando a esperança de nos por em prova em nossos próprios presentes - e são esses os desejos mais estreitos de nós mesmos. Não os anjos, não os desejos, mas o enxergar esses desejos e conversar com esses anjos. E se todo o silêncio que nos prende é aquele que nos comove, por que não abrir espaço para isso que aflinge de tal forma aterradora? Afinal, respondam-me, todos, a que viemos nesse vasto questionar-se?
A que viemos todos?