13 agosto, 2010

Por capricho e mau trato

Enfim, os gênios vieram e sairam sem saber que eram grandes ou sem que soubessem disso ainda. - Pessoa morreu pobre. Foi o que me disse um bêbado que escorria pelo sofá à meia luz. - Mas os gênios, são eternos, mesmo sem se dar conta ou sem que tenham dado por isso. Não há motivo para não os querer! E vivo, sim, então, suspirando e saboreando os gênios que cercam meus espaços: os próximos, os vivos, os de agora e depois. Salivo cada pedaço de suas mentes maravilhosas, doentias e ausentes.

A pequena parte que nos cabe aqui, a terra em que pisamos ou o horizonte para onde olhamos, tende à cor ou limite que eu quiser; é doente pensar pequeno, mas é o pensar grande que incomoda num tempo em que há informação de mais e têmpero de menos. E o que causa desconforto, naturalmente, é banido. Adoro as mentes doentias que coroam os singelos cafagestes, as doces mulheres decadentes ou os rancorosos velhos puramente ultrapassados.

Vivo em paixão pelos Nelsons, os Buarques, os Fogwills e todos que ainda não conheço. Uma pena pra mim: o mar é só uma ponta! - uma maravilha pra mim: O mundo é grande de mais!

Mas se tem algo que me interessa constatemente, que me desafia displicente, que está aqui, é essa tal de modernidade. Ó monstro sagrado de nossas vidas, com tantos nomes para o nosso fracasso, com tanta embalagem para os nosso medos e com tantas marcas em nossas faces... Toquem a abraçar-se, almas, e lamentem o cheiro horrível de morte que beira os teus laços. Que desmorone o mundo todo, inteiro em lama de nada, de nada de nada, mas que cresça em nós, todos os dias, os desejos de um mundo eterno, moderno e decadente... Só assim a matéria se refaz.

E os imortais? Falamos deles mesmo quando fenecendo em sofás apagados,mesmo quando exalamos o hálito da bebida bendita e que assim seja! Os imortais estarão aí preenchendo os não-espaços e sobrevivendo.

2 comentários:

  1. tb amo os gênios e os buarques e os que ainda vamos conhecer....

    mas parece que amar decadentemente também é uma característica de imortais yellow girl...

    ponhamo-nos a imortalidade....

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  2. E que ela venha toda vestida ou pura como veio ao tempo, Tetas, não nos afastaremos nem por um instante!

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