16 agosto, 2010

Tão forte

A  vida é verde.  A  vida é verde e tem que ser limpa.  São  os erros de nós mesmos que confundem o bem estar e a crise solitária dos impotentes. Ando aqui por esse quarto há dias e nem mesmo nos dias de céu azul dou por ele assim nesse tom. É que os outros se foram.

Todos saíram de algum modo; pelas janelas, com rancor e sem permissão. E o que segue, ainda que pareça um curso,  não é senão remendos e nós de falso arremedo.  A  pena é que lembramos as coisas ruins pelo peso que tiveram em nosso conforto e nem mesmo tentamos enxergar-las além disso.

Meu pai, quando morreu, nem soube que já havia sido perdoado. Antes ainda, não pensou que não houvesse perdão necessário... Ou possível. Talvez o que tivesse entendido ali, nos últimos dias de dor e esperança tardia, era que não são necessários os perdões e que isso de a vida do outro é mesmo só dele. Quando  a temos assim em mãos dadas de uma vida inteira ou de camas de hospital pensamos ser uma só - a dele e a nossa -, mas o que pensamos mesmos são as vontades que fazem a minha, e somente a minha, existência mais feliz e completa de sentido.

Nunca me perguntei sobre suas dores e vontades de voltar no meio do caminho. Mas também não haveria de perguntar. A vida não é pra ser assim tão cheia de compreensão então. Seria ela limpa de mais. 

O que sei é que as intersecções que se dão no caminho não passam de coisa chata e ruim. Isso de minha vida é ainda mais complicada e dolorida se tem a tua no meio. No entanto, não fosse isso, seria a vida limpa de mais. E a vida tem que feder.

Hoje  seriam  cinqüenta  e dois anos de uma vida inteira.  E  o que  sobra é o som  de tua boa gargalhada quando estava conosco.

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