30 agosto, 2010
linha 4
Se houver uma só maçã que valha a pena, quando tudo se perde, a safra é boa. É a maçã que escolhe quando brotar. Ou não é uma boa maçã, então...
28 agosto, 2010
linha 3
Coisas boas para uma noite preguiçosa: houvesse coisas boas, não seria uma noite preguiçosa!!
24 agosto, 2010
Verdades do inferno
Todos os dias, não importa se começam à tarde ou mesmo se se esticam por mais que os limites de seu sono, trazem tristezas miúdas e feridas latentes. A maneira de vivermos bem ou não está em escolhermos bem o que sofrer e o que ignorar. É estúpido ter que escrever isso de tão óbvio que é. Ainda assim, os dias continuam em sua peregrinação bruta e melancólica de machucar. Mas não há lamento nisso. Há constatação.
Me alegra ler coisas novas na Feira - e me satisfaz escrever isso - porque esta cidade pra mim é o síbolo de novidade e renovação que encontro como força de maravilhar-se. Sabia isso há mais tempo. Mas só agora, no momento em que mais me fecho, consigo enxergar com esses olhos compridos que jamais soube existir. Digo isso em todos os planos que conheço exisitr. A maior de minhas descobertas é o sentimento pegajoso que me gruda na cama ou deixa marcas de mim no quarto que aspira o que tenho me tornado nesses últimos meses.
A menor, contudo, é o sentimento do mundo. O mundo pequeno envolvido no sistema indescritível ainda de tantos corpos e cabeças ora habitadas, ora não. Esses sentimentos que causam medo; pudéssemos viver sem eles, talvez não fosse vida, mas seria mais feliz...mais tranquilha, talvez.
Mas há a melhor. A melhor descoberta de meus dias aqui envolvida em mim são os outros. Os outrso que não existem e passeiam pela magia de encontrar-se sem o encontro. O virtual observado de frente. E se tantos outros já atestaram esse novo movimento - já não novo, quase caduco - o que me deixa atônita é a recriação de verdade postada em blogs, miniblogs, mensagens e conversas onde as expressãoes são aproximadas do que se imagina como expressão.
Para entender, converso comigo por vezes e se não posso considerar os animais aqui presos como interlocutores, então, dou o braço àqueles que me dizem solitária de fato. Mas, são nesses papos de mim pra mim que entendo como a verdade se forma e é possível. Dá mesma forma que tenho tantas expressões faciais, nunca vistas por outro além de mim com os olhos iinvertidos, tenho a liberdade das expressões alheias que imagino. Isso quer dizer que a expressão do outro, atestados de aprovação, maravilha ou medo, não é mais que a expressão prolongada de mim ou da minha mesmo desdobrada para cumprir as necessidades do interlocutor inexistente... O fato é que minha verdade é moldada antes da aprovação da expressão alheia já que essa existe antes e eu a conheço por ser a minha própria.
Acontece, então, que o mundo virtual permite a idealização de perfeito entre os povos que é a transparência de opiniões, sugestões, conselhos e dizeres. Acontece que a perfeição do contato é a impessoalidade. Isso nos aproxima mais e mais. É permitido olhar, apenas olhar, desaprovar, concordar ou não, mas sem correr os riscos da coerção a que estamos sujeitos todos os dias. Ela semrpe estará lá. Mas posso escolher aceitá-la. Pra isso, basta criar partes de mim fortes o suficiente para encará-la enquanto me preservo de enfrentar sua fúria.
Óbvio, fora isso, o pacto de hipocrisia necessário para a paz de todos, sendo essa, a variável que permite a existencia de todas as coisas. E estará sempre aí para permitir que as pessoas toquem a si mesmas todos os dias, sorriam umas para as outras e aceitem suas mentiras tacitamente. Fora isso, aceitemos a vivência impessoal como a ideal de todos os tempos. Ou não.
E 'não' para tudo o que foi dito antes.
Quanto a Feira, a maneira magistral que aboia seu bando todos os dias me diz mais que o silêncio das paredes amareladas pela chuva e pelo môfo. E vejo sua gente bonita gritando em todos os lugares: nos malditos ônibus, nas benditas ruas de espera, nas malditas bancas de tudo e nos virtuais cenários das vontades. É assim que me perco na Feira de todo dia, pela trivialidade das conversas, pelas espotanêidade de outras e pelos dizeres dos novos construtores que, se não os vejo com esses olhos de desespero em luz real, é por esssa luz verdadeira e verdadeira msm que me cego aqui.
De resto, no fim, o discurso é cruelmente sarcástico quando toma conta dos seres e eles nem percebem o que está acontecendo. Basta observar para temer. E depois, pegue a porra de sua merenda e dê para sua mãe!
18 agosto, 2010
16 agosto, 2010
Tão forte
A vida é verde. A vida é verde e tem que ser limpa. São os erros de nós mesmos que confundem o bem estar e a crise solitária dos impotentes. Ando aqui por esse quarto há dias e nem mesmo nos dias de céu azul dou por ele assim nesse tom. É que os outros se foram.
Todos saíram de algum modo; pelas janelas, com rancor e sem permissão. E o que segue, ainda que pareça um curso, não é senão remendos e nós de falso arremedo. A pena é que lembramos as coisas ruins pelo peso que tiveram em nosso conforto e nem mesmo tentamos enxergar-las além disso.
Meu pai, quando morreu, nem soube que já havia sido perdoado. Antes ainda, não pensou que não houvesse perdão necessário... Ou possível. Talvez o que tivesse entendido ali, nos últimos dias de dor e esperança tardia, era que não são necessários os perdões e que isso de a vida do outro é mesmo só dele. Quando a temos assim em mãos dadas de uma vida inteira ou de camas de hospital pensamos ser uma só - a dele e a nossa -, mas o que pensamos mesmos são as vontades que fazem a minha, e somente a minha, existência mais feliz e completa de sentido.
Nunca me perguntei sobre suas dores e vontades de voltar no meio do caminho. Mas também não haveria de perguntar. A vida não é pra ser assim tão cheia de compreensão então. Seria ela limpa de mais.
O que sei é que as intersecções que se dão no caminho não passam de coisa chata e ruim. Isso de minha vida é ainda mais complicada e dolorida se tem a tua no meio. No entanto, não fosse isso, seria a vida limpa de mais. E a vida tem que feder.
Hoje seriam cinqüenta e dois anos de uma vida inteira. E o que sobra é o som de tua boa gargalhada quando estava conosco.
Todos saíram de algum modo; pelas janelas, com rancor e sem permissão. E o que segue, ainda que pareça um curso, não é senão remendos e nós de falso arremedo. A pena é que lembramos as coisas ruins pelo peso que tiveram em nosso conforto e nem mesmo tentamos enxergar-las além disso.
Meu pai, quando morreu, nem soube que já havia sido perdoado. Antes ainda, não pensou que não houvesse perdão necessário... Ou possível. Talvez o que tivesse entendido ali, nos últimos dias de dor e esperança tardia, era que não são necessários os perdões e que isso de a vida do outro é mesmo só dele. Quando a temos assim em mãos dadas de uma vida inteira ou de camas de hospital pensamos ser uma só - a dele e a nossa -, mas o que pensamos mesmos são as vontades que fazem a minha, e somente a minha, existência mais feliz e completa de sentido.
Nunca me perguntei sobre suas dores e vontades de voltar no meio do caminho. Mas também não haveria de perguntar. A vida não é pra ser assim tão cheia de compreensão então. Seria ela limpa de mais.
O que sei é que as intersecções que se dão no caminho não passam de coisa chata e ruim. Isso de minha vida é ainda mais complicada e dolorida se tem a tua no meio. No entanto, não fosse isso, seria a vida limpa de mais. E a vida tem que feder.
Hoje seriam cinqüenta e dois anos de uma vida inteira. E o que sobra é o som de tua boa gargalhada quando estava conosco.
13 agosto, 2010
Por capricho e mau trato
Enfim, os gênios vieram e sairam sem saber que eram grandes ou sem que soubessem disso ainda. - Pessoa morreu pobre. Foi o que me disse um bêbado que escorria pelo sofá à meia luz. - Mas os gênios, são eternos, mesmo sem se dar conta ou sem que tenham dado por isso. Não há motivo para não os querer! E vivo, sim, então, suspirando e saboreando os gênios que cercam meus espaços: os próximos, os vivos, os de agora e depois. Salivo cada pedaço de suas mentes maravilhosas, doentias e ausentes.
A pequena parte que nos cabe aqui, a terra em que pisamos ou o horizonte para onde olhamos, tende à cor ou limite que eu quiser; é doente pensar pequeno, mas é o pensar grande que incomoda num tempo em que há informação de mais e têmpero de menos. E o que causa desconforto, naturalmente, é banido. Adoro as mentes doentias que coroam os singelos cafagestes, as doces mulheres decadentes ou os rancorosos velhos puramente ultrapassados.
Vivo em paixão pelos Nelsons, os Buarques, os Fogwills e todos que ainda não conheço. Uma pena pra mim: o mar é só uma ponta! - uma maravilha pra mim: O mundo é grande de mais!
Mas se tem algo que me interessa constatemente, que me desafia displicente, que está aqui, é essa tal de modernidade. Ó monstro sagrado de nossas vidas, com tantos nomes para o nosso fracasso, com tanta embalagem para os nosso medos e com tantas marcas em nossas faces... Toquem a abraçar-se, almas, e lamentem o cheiro horrível de morte que beira os teus laços. Que desmorone o mundo todo, inteiro em lama de nada, de nada de nada, mas que cresça em nós, todos os dias, os desejos de um mundo eterno, moderno e decadente... Só assim a matéria se refaz.
E os imortais? Falamos deles mesmo quando fenecendo em sofás apagados,mesmo quando exalamos o hálito da bebida bendita e que assim seja! Os imortais estarão aí preenchendo os não-espaços e sobrevivendo.
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